quinta-feira, 9 de abril de 2009

Educação de sucata

Hoje, com 19 anos não tenho o porquê de falar um "ai" torto sobre a vida que meus pais têm me dado. Assim como eles nunca me deixaram faltar o básico (comida, educação e amor), eles também sempre se preocuparam em colocar no meu caminho pessoas que pudessem me dar o carinho necessário enquanto eles não estivessem presentes. Pois bem, é sobre isso que eu quero falar hoje: pessoas no meu caminho.

Tonha, ou Antônia, é a senhora que trabalha aqui em casa. Eu digo "trabalha",porque chamá-la de empregada não é legal. Enfim, a Tonha é uma das pessoas mais incríveis que já entraram nesta casa. Ela é um ser dotado de um dom que poucos possuem: ela é prestativa sem pedir nada em troca. Ela adora ajudar; adora fazer umas surpresas pra gente; limpa tudo sempre sorrindo e vive contando os "causos" na maior animação. Coisa que, às vezes, até nos assusta, porque a vida da Tonha é muito difícil e por causa disso, pela teoria, ela deveria ser uma pessoa amarga, infeliz e rancorosa. A Tonha é separada de um marido mequetrefe, mãe de 4 filhos, avó de um bebê lindo e acorda todos os dias antes do sol pensar em nascer.

Dia desses no almoço, a Tonha - na maior inocência- começou a comentar um "causo" sobre a escola dela (a Tonha tem mais de 30 anos e está correndo atrás de ter uma educação). Segundo ela, lá na escola que ela estuda os alunos PAGAM para fazer as provas. Eu pulei da cadeira:

"Como assim pagam Tonha? Não é escola pública?"

E ela:

"É sim, mas eles dizem que não têm dinheiro para pagar a xerox e cobram 10 centavos por folha"

A escola da Tonha se chama Escola Municipal Deputado Ulisses Guimarães, localizada no Mutirão (Cidade Nova). Ela estuda no período da noite.

Continuei questionando:

"Como assim Tonha, eles não têm dinheiro pra tirar xerox?"

E ela:

"É... Geralmente a professora avisa antes pra gente deixar o dinheiro ou vai pedindo na hora. O ruim é que nem sempre o povo pode pagar. Um dia desses teve uma prova de ciências e a xerox ia dar 20 centavos. Teve gente que não fez porque não tinha o dinheiro."

Vocês entendem o grau disso tudo? As pessoas não têm 20 centavos para pagar uma prova e ainda são punidas por isso. Segundo a Tonha, a professora diz que "não vai tirar do bolso dela. Quem tem faz, quem não tem não faz".

Primeiro: onde foi parar a grana que deveria ser usada para comprar esses papéis e pagar essas xerox? Segundo: estão sucateando a educação desse povo, onde já se viu uma pessoa não poder fazer uma prova por causa de 20 centavos?

Segundo a Tonha, isso não acontece só na escola dela. Na escola das filhas dela o caso se repete. Aqui as escolas : Escola Estadual Raimundo Holanda de Souza e Escola Estadual Professor José Lindoso.

Eu confesso que fiz minha parte. Falei com amigos jornalistas, eles foram atrás, mas infelizmente os alunos estão com medo de falar e sofrerem represália, mas não é por isso que eu vou ficar calada vendo a Tonha - pessoa que tanto me faz bem - e os seus colegas, serem humilhados desta forma. Se alguém quiser ajudar, é fácil: espalhe esse texto, mande pros amigos, pros amigos dos amigos, pras autoridades, pras autoridades das autoridades, enfim, espalhe. Não é só a Tonha que está sendo prejudicada, nós também estamos. Enquanto trabalhamos que nem cachorros e somos obrigados a pagar taxas e mais taxas (erro detectado, erro ajeitado, valeu Flávia), nosso dinheiro está indo pra Deus sabe onde!

É isso. Ajudem!

Camila Menezes Baranda

12 comentários:

Camilla disse...

Porra fiz um comentário enorme e não foi, enfim.

Resumindo, eu não culparia os grandes pro esse problema, tipo, governo. Eu culparia os diretores de cada instituição.

Eu estudei em uma escola PARTICULAR que fazia a mesma coisa. Eles alegavam que não tinham obrigação de fazer cópias para todos os alunos. Imprimiam apenas uma cópia, que ficava com o professor, e os alunos tinham que copiar a prova em uma folha de caderno, ou ir na secretaria e pagar por uma cópia.

Paunocú dos diretores desviadores de verba.

Camila Baranda disse...

Que seja! Mas isso não pode acontecer. A escola é PÚBLICA, a grana pra pagar isso deveria estar no orçamento.

Unknown disse...

infelizmente essa é a realidade do nosso pais :/
espalhando cá estou

Unknown disse...

joao.mendes ai emcima

markeetoo disse...

cara, que vergonha isso. gostei da sua atitude. Podemos simplesmente dizer "esse é nosso Brasil" e ficar coçando e reclamando, ou podemos tentar mudar isso, mesmo que nossas atitudes pareçam insignificantes diante de tanta "ladroagem" ao nosso redor.

Rodrigo Araújo disse...

Minha mãe é professora e nas escolas onde leciona também rola isso. Direto...

cayo costa disse...

vou tentar fazer um coisinha, vamos ver se vai dar certo...
impossível isso...

Cantanhede, L disse...

Apoiado, apoiado!
pode deixar que vou tratar de "fofocar" essa sua noticia por aí!

*Miniiiina, teu blog tá famoso! Ouvi falar dele lá na UEA e cá estou eu. Leitora assídua agora*

ah, é a Larissa!

DiegoHenrique disse...

E aquele paraense safado quer que eu diga que tenho orgulho de ser Amazonense. Desse jeito, não dá mesmo!

Flávia disse...

impostos não paga isso, impostos é para o salário da administração responsável pela distribuição de dinheiro do brasil, maas anyway pagamos mtts taxas nessas vidas, inclusive nossa faculdadezinha q por assim dizer "pública" a pagamos indiretamente, anyway, isso se chama mtt desvio de verba de tds os lados, começando pelo prefeito/governador, e secretários de ambos, e ainda virou comodo tds ficarem parados sem fazer nd! fizeste tua parte, tentarei fazer a minha ;}

Cão Babão disse...

Ia postando um troço maceta por aqui e a luz piscou e comeu tudo.

Recomeçando.

Não sabia que isso de cobrar pelas provas existia, mas sempre soube que a educação está sucateada. Tenho dois tios professores e eles me dizem que há uma orientação que vem direto dos políticos de alto escalão que diz para não reprovar aluno algum. Daí, tempos depois, poderão dizer algo como “tantos por cento dos alunos concluíram o Ensino Médio”.

Acho que o negócio é dar um restart, mas como?

Tive e tenho muita gente legal a minha volta, graças à Deus. Empregada que a gente não chama de empregada tive duas: a Dalva, que trabalhou na casa da Mamma e a Maria que fez quase todos os nossos bolos de aniversário.

Falando em correções, há dois “segundos” no seu texto.

Segundo: estão sucateando a educação desse povo, onde já se viu uma pessoa não poder fazer uma prova por causa de 20 centavos?

Segundo a Tonha, isso não acontece só na escola dela. Na escola das filhas dela o caso se repete.

Londa vida ao HAHAHA, a Gargalhada do Mal!

Flávia disse...

eu realmentee tentei fazer a minha, indignada com tamanha falta de senso desse pessoal me mexi, dps te conto oq fiz! :D