quinta-feira, 3 de junho de 2010

Damazonha

Quando a Lorie mandou o email pedindo pra que a gente ajudasse ela, já me veio aquela coisa na barriga.

"There is an opportunity for you to talk to 1st graders at the elementary school tomorrow. Would you be interested in talking about the rainforest?"

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!

Falar com crianças, my biggest fear depois de borboletas. Crianças naturalmente me olham torto, não me dão bola... Agora me diz como faz pra lidar com a idéia de CINQUENTA pentelhos menininhos e menininhas olhando pra mim com cara de "get out of heeeeere"?

Cagaço.

Só para situar: a Lorie foi quem conseguiu com que a gente trabalhasse aqui no verão, OU SEJA, nunca que diríamos "Loriêêê, francamente, temos mais o que fazer, RUM!"

Pois bem, às 11 fomos ao escritorio dela e nos deparamos com uma porrada de coisa. Era peixe empalhado (tá certo falar assim?), colar de semente, mapa do Amazonas, mapa do Rio Solimões, foto de índio, livro de "a, b, c" com bichos da Amazonia. O que era pra ser "uma conversinha, coisa rápida", tinha se transformado numa aula de geografia do Amazonas. Cagaço.

- Toda trabalhado no regionalismo.

Nunca tinha ido a uma elementary school, só tinha uma vaga idéia daquilo que eles passam em filmes: campo de esportes, ônibus amarelos, escola grande, blá blá blá. E... é, filmes fazem um bom trabalho, porque é IDÊNTICO.

Enfim, entramos na sala pra montar a parafernalha. Eu me colei na primeira cadeira que vi,

"Ai meldels, ai meldels. Vou falar tudo errado, e elas vão rir, e crianças me odeiam e AAAAAAAAH"

As professoras tentando tranquilizar vieram com um papo de "elas vão rir, mas é de boa". NUNCA.

- Bunda colada na cadeira com super-bond.

Em fila, todas entraram e sentaram. A professora amaciou.

"Vocês lembram de quando a gente tava falando sobre a floresta amazônica?"

"SIIIIIIIM!"

"Então, hoje nossos amigos Camila, Artur e Roberta vieram conversar com vocês sobre a floresta. Eles são de lá!"

"OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOH!"

Ok, depois do "oh" prolongado, meu coração derreteu e eu apertei o foda-se "sijoga e encara a criançada".

- Crianças realmente prestando atenção ou são todas atrizes/atores-mirins da Globo?

E foi lindo. As crianças ficaram muito encantadas, perguntaram um monte e no final já sabiam até falar "tudo bem".

- Oun...

Daí que eu me empolguei, achei que crianças já me adoravam e fui puxar papo com um menininho:

"E ai, gostou?"

"Sim"

"Um dia você pode ir lá né, ia ser legal!"

"É, mas aí eu teria que aprender a falar português"

"Mas você aprende, é fácil"

"Não, já estou aprendendo chinês"

Essa sou eu levando um corte de um menino de 6 anos.

2 comentários:

cayo costa disse...

Esse menino é sagaz, ele usou a técnica do desprezo! Agora vc esta interessada nele, vai querer voltar só para convence-lo.
garoto experrto

Unknown disse...

Muito esclarecedor seu blog. Pra quem está com os nervos a flor da pele por estar partindo rumo ao desconhecido, eh confortador ler tanta riqueza de detalhes.
Ps: Parabéns pra o Guri q tá mais avançado que a gente! hauahia