quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Quem tá na fila da malária aêâÊÂeâ

Viu? Nem pra entrar de recesso eu presto! Enfim, umas coisas surgiram na cabeça antes de dormir e achei interessante pra minha memória deixar isso aqui registrado.

Hoje fui fazer uma matéria que me deixou pensativa.

Nem curto muito ficar postando sobre o meu cotidiano jornalístico, sei lá, como ainda tô na fase de estagiária-aprendiz, acho meio forçado ficar pagando de"super jornalistona das matérias maravilhosas", sendo que não faz nem 6 meses que eu realmente comecei a "fazer" jornalismo. Bom... Quem sabe no novo Saca, isso comece a aparecer por aqui?

Não a super jornalistona wannabe, mas algo meio que anti-heróica (isso ainda tem hífen?) de meu divo Caco Barcelos. Enquanto ele mostra os bastidores naqueleprogramacoisalindadeDeus, eu escrevo sobre as bizarrices e situações inusitadas que passamos. Well... Por enquanto a Camila-repórter-muito-séria ainda não se mistura com a Camila-do-blog-vontade-de-dormir-bocejos. Enfim, voltando...

Saí pra fazer uma matéria sobre malária. Na verdade era sobre uma pesquisa que o Inpa vem desenvolvendo em parceria com outras universidades (nacionais e internacionais TCHEMETCHÊ) para ajudar no combate da doença. Bom, não vem ao caso explicar a pesquisa, mas se alguém ai tiver muito, muito, muito afim de saber, manda um email que eu explico de uma forma simples e duvidosa fácil de entender.

Então, não era sobre isso que eu queria escrever. Toda essa firula era pra chegar ao que me deixou pensativa minutos antes de pregar os olhos e esquecer o mundo por alguns minutos (ou entrar em outro mundo, alo-ou SAY YEAH quem assistiu Inception e captou essa piadinha! Não? Ok).

Depois da aula de malária entrevista com o pesquisador (que apesar de demorada, foi uma injeção de conhecimento), fui atrás de "personagens". Pra quem não é jornaleiro ou jornalista, vale a explicação: personagem é a parte "humana" da matéria. É o "Seu João", a "Dona Maria", enfim, as pessoas que compartilham histórias, experiências , 2 minutinhos de prosa e que sempre enriquecem qualquer reportagem chata.

Queria pessoas que tivessem tido malária várias vezes. Com a ajuda de um rapaz chamado "Catita", que é lá do Inpa e trabalha com os pesquisadores, fomos atrás destas histórias. Chegamos ao Ramal do Rufino, área beeeeem rural, lá pras bandas do Puraquequara.

Lá conheci Seu Mario Jorge e Francisca. Ele é agricultor e vive lá há 21 anos; ela é servente em uma escola e vive lá há uns 8 anos. Depois das apresentações, todo mundo já bem a vontade, fiz a pergunta.

"E aí, quantas vezes vocês já tiveram malária?"

A Francisca, mãe de 2 filhas, teve 30 vezes. ARRAM, trinta vezes. Ela não deve ter 35 anos. As filhas, uma de 8 e outra de 4 também já tiveram mais de 2 vezes a danada da malária.

Já Seu Mario Jorge teve 17. Quando eu escrevo "seu" é de senhor mesmo. Apesar de ele não ter dito a idade (e eu ter esquecido de perguntar), contei as rugas e somei tudo com os calos das mãos, dos pés e a pele queimada de sol. Conclui que ele já tinha passado da época de jovem.

Mesmo com a malária, com a distância da cidade, com os poucos recursos, eles me disseram com um sorrisão no rosto um "não saio daqui por nada". E ainda nos convidaram pra visitá-los outras vezes, pode?

Entenderam? Eu entendi, vi que a minhas crises de sinusite são fichinha perto de 30 malárias! Vamos agradecer por tudo, ponto.

Desculpem-me se esse final ficou muito clichê, mas nem todas as coisas da vida são super descoladas e pra frentex, né?

Ps. Não me perdoo de não ter tirado uma foto com eles!

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